terça-feira, 5 de novembro de 2013

Curitiba quer dobrar espaço exclusivo dedicado aos ônibus

Projetos preveem 16 quilômetros de faixas exclusivas em algumas das principais ruas do Centro. Somados, serão mais 84 km de vias para o transporte coletivo


Depois de anos na vanguarda das soluções em mobilidade urbana, Curitiba tem assistido aos avanços obtidos por outras cidades, que evoluíram o seu próprio sistema de transporte. Se Bogotá, na Colômbia, deu um passo adiante com a multiplicidade de linhas de BRT, agora é São Paulo que dá o novo exemplo: em menos de um ano, os paulistanos implantaram mais de 230 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. Alternativa que deve ser seguida pela capital paranaense, que pretende dobrar a extensão de canaletas e vias para ônibus – saindo dos atuais 81 quilômetros para 165.
Os projetos incluem a liberação de R$ 408 milhões da União, a fundo perdido, para obras na Linha Verde, ampliação da rede de linhas BRT e o novo anel da linha Inter 2. Além disso, Curitiba prepara outros projetos para fazer 16 quilômetros de faixas exclusivas na região central (veja infográfico).
O pacote de mobilidade com verbas federais prevê a implantação de mais 68 quilômetros de canaletas ao sistema. Outros 28 quilômetros de vias expressas devem passar por adequações, principalmente para permitir a passagem dos “Ligeirões”. “O mais importante a considerar é que as faixas permitem aumento da velocidade média e, principalmente, vêm ao encontro do princípio de priorização do transporte coletivo”, diz o presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Junior.
A Urbs já encomendou a elaboração de projetos executivos de faixas exclusivas para cinco vias da capital. As escolhas foram feitas tendo como base o tamanho da rua, a capacidade de tráfego e o volume de passageiros transportados nos ônibus que trafegam na região.
Por enquanto, a prefeitura estuda implantar essas faixas em dois novos eixos e também expandir um que já existe. As novas faixas devem ficar nas avenidas Getúlio Vargas e Iguaçu, no trecho entre o Centro e o bairro Seminário, e nas ruas Conselheiro Laurindo e João Negrão, no trecho entre o Prado Velho – próximo ao Teatro Paiol – e o Terminal Guadalupe. Além disso, a Rua Alferes Poli terá seu trecho de faixa exclusiva ampliado (veja infográfico).
Ainda não há previsão de custo da implantação das novas faixas, que demandarão obras complementares como a requalificação de calçadas e pontos de ônibus. A intenção é buscar verbas perante o governo federal, com base nos projetos elaborados pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
NTU propõe financiamento para projetos
A experiência exitosa de São Paulo pode ser estendida para outras capitais e cidades de mais de 500 mil habitantes, no que depender da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). De acordo com o diretor administrativo e institucional da entidade, Marcos Bicalho, a associação vai apresentar uma proposta ao governo federal para a criação de linhas de financiamento simplificadas para esse tipo de projeto.
O “Programa Emergencial da Qualificação do Transporte Público por Ônibus” será lançado amanhã e conta também com o manual “Faixas Exclusivas – experiências de sucesso” que apresenta critérios técnicos, desenhos urbanos e os principais resultados operacionais dessa medida em cidades como São Paulo e Goiânia. “É uma solução muito simples e há aumento significativo de velocidade. Com isso, você consegue atender pelo menos a um dos pleitos dos usuários, que é o tempo de viagem”, argumenta Bicalho.
Conforme a associação, os custos para implantar esse tipo de projeto podem variar de R$ 100 mil até R$ 1 milhão o quilômetro, dependendo do nível de intervenção feito. “Os ônibus carregam 80% dos passageiros que passam por uma via e ocupam só 20% desse espaço. O que a gente vê como solução é uma repartição mais equânime desse espaço”, argumenta o diretor da NTU.



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