quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ruas de Curitiba em obras bloqueiam o tráfego de pedestres

Obstrução em calçadas se repete em vários pontos de Curitiba. Prefeitura informa que emitiu 63 notificações e nove autuações referentes a esse problema em 2013


O aumento de obras de infraestrutura e a construção de empreendimentos imobiliários em Curitiba têm criado um problema difícil de se transpor. As calçadas acabam se tornando parte do canteiro de obras, diminuindo ainda mais o já apertado espaço de circulação do pedestre nas vias centrais. Seja em obras públicas ou privadas, é comum encontrar obstáculos como andaimes, entulhos e material de construção, que deixam apenas alguns centímetros de livre passagem
É o que ocorre embaixo de um prédio em construção na Rua XV de novembro, entre as Ruas Mariano Torres e Francisco Torres. As pedras retiradas do calçamento, empilhadas ao lado do tapume, estreitam o espaço disponível. O pedestre precisa ainda pular uma mangueira que atravessa a calçada até o bueiro. Situação parecida ocorre na Rua Sete de Setembro, próximo à esquina com a Rua 24 de Maio, onde a calçada útil ficou reduzida a um corredor com menos de um metro de largura.
O problema acontece também com obras públicas. Na Avenida Maurício Fruet, na altura do cruzamento com o viaduto da Linha Verde, no Capão da Imbuia, os pedestres que costumavam passar sob o viaduto agora correm um risco extra. Com as obras de alargamento da passagem de nível, o espaço próximo aos pilares foi fechado. Cones isolam meia faixa da pista de canto – único espaço para circulação a pé. Porém os usuários precisam desviar de madeiras e material de construção entulhado.
Legislação
A apropriação das calçadas pelas construtoras é definida em legislação municipal. A obra pode avançar a, no máximo, 50% da largura da calçada, respeitando o mínimo de 1,5 metro para circulação (exceto durante a fundação do solo). O trabalho deve ser isolado com tapumes. Os materiais podem ficar na rua apenas o tempo necessário para descarga, exceto em casos de obra na própria via pública, quando então deverão estar protegidos. De acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo, em 2013 foram emitidas 63 notificações e nove autuações referentes ao problema.
Duas semanas atrás, a jornalista Amanda de Souza, de 25 anos, acabou vítima de transtornos provocados por obras ao ser atropelada por um biarticulado. Embora não propriamente por causa de uma calçada bloqueada, o caso revela o perigo de o pedestre ser colocado como coadjuvante. Após um trabalho de manutenção fechar um trecho da canaleta da Avenida Winston Churchill, próximo ao terminal do Pinheirinho, os ônibus foram obrigados a desviar pela rua Aref Kudri.
“Quando o semáforo estava fechado para os carros, os ônibus aproveitavam para fazer o contorno. O pedestre não tinha vez”, lembra. “Recebi a pancada, caí no chão e o ônibus parou a um metro de mim. Na hora, recusei ajuda, mas depois comecei a sentir dores e tive de tomar analgésicos.”
Planejamento
Prioridade deve ser para as pessoas e não para os carros, defende entidade
Entre o tamanho do prédio e a velocidade do trânsito, o pedestre acaba ficando literalmente no meio, figurando como o elo fraco da corrente. A comparação é de Eduardo Daros, presidente da Associação Brasileira de Pedestres (Abraspe). Para ele, a prioridade do planejamento urbano deve ter a pessoa como prioridade. “Se precisar incomodar alguém, que seja o trânsito e não o cidadão a pé”, defende.
Daros lembra uma ocasião recente na Avenida Paulista, uma das vias mais movimentadas de São Paulo, para carros e pedestres. “Ali não se poderia perder nem um centímetro de espaço de circulação, então a construtora foi obrigada a instalar uma passarela para pedestre, enquanto os caminhões eram obrigados a entregar material dentro da obra.” Para ele, a fiscalização precisa ser contínua. “Parece estar havendo uma tolerância em relação ao problema, e quando isso acontece o pessoal abusa”.
Segundo a entidade a convivência civilizada no espaço público depende de profundas mudanças em nosso comportamento.

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